domingo, 26 de julho de 2009

Dos amores mais ternos


Foto: Ana Meireles

É quando a gente sente que metade da gente é o que se traz essencialmente, e a outra metade é o que fazem da gente. São palavras, afagos, carinhos... o que nos eleva e nos faz ir adiante ou o que nos faz parar. Não para estagnar, mas para pensar o quanto nos vale seguir.
São eles... os amigos que emprestam vozes aos nossos silêncios, retiram nossas vidas da singularidade e nos fazem dilatar os significados do mundo.
Alguém, algum dia escreveu que do encontro entre duas pessoas, sempre nasce uma terceira. Essa terceira pessoa é o que nos tornamos, uma espécie de derramamento, transbordamento do que somos.
Amigos são assim. O lado bom da nossa mais perfeita incompletude. A vitalidade e a força da nossa velha fragilidade.
E a gente sabe como reconhecê-los, porque não trazem em seus rótulos prazos de validade. E a gente cuida e preserva com o zelo com que guarda um diamante: extremamente resistente e frágil.
É dessa delicadeza que nascem os amores mais verdadeiros e menos complexos. A poesia não é encharcada de querer. É consciente e terna.
E no meio de tantas gavetas, um compartimento interno, reservado para guardar nossos tesouros mais valiosos. Negociamos espaço. Um pouco da minha dor, um tanto do seu amor, ou vice e versa. Habitamos esse compartimento profundo, próprio das pessoas que não sobrevivem na superficialidade. E guardamos a intensidade do sentimento mais nobre que nos faz mais unos, das rimas mais imperfeitas para a poesia mais bela.


Amigos...Perdoem-me pela ausência. Imensamente agradecida pelo carinho de sempre.