sexta-feira, 30 de julho de 2010

Hiato

"Se a gente nunca mais se encontrar ainda assim vamos nos encontrar. Quando olharmos para o céu. Para o céu pálido que você inventou com sua carta que me deu. O nosso céu. Nós nos escreveremos, já que não podemos falar. Sejá lá o que impede você de falar."



Hiato from CCLULP on Vimeo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

De Plástico

 Foto: Mario Carvalho

Espero que entendas
as pétalas frias
Sem perfume, viço
ou cor...
As flores que eram nosso amor...
Lembra?
As que agora repousam
numa página qualquer
sobre o mofo das palavras
Nosso amor de flores de plástico.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Amor tardio
Já chega colocando ordem
  ajeita
conserta
organiza
Se vai embora,
desconcerta
deixando aviso na porta

"em manutenção"

Do sentido

o que um rio sente
quando invade o mar
nem as águas sabem
até chegarem lá
j.r. lima

sexta-feira, 23 de julho de 2010


E você que pensou vender sonhos impossíveis, mal sabia...Deixou amor espalhado por todos os cantos de mim. E quando esse amor me bagunça, amontoo tudo e tranco a porta. Quando abrir novamente, já sei, vai sangrar bonito!

sábado, 17 de julho de 2010

Quarto de dormir

Soltas
espaçadas
estridentes
da boca pra fora
atravessam o detetor de metais
grudam nas paredes
se espalham pelo chão.
Amanhã, vai dar um trabalho danado
amontoar tudo isso
Vai parar tudo no lixo
No latão não reciclável
das palavras indecentes.

Carmim

Foto: Cristina Afonso

Tudo porque perdi as rosas brancas que descansavam no peito. Eu prefiro vermelho. Carmim. E vai e vem que não cessa.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sob tres graus negativos

Curitibanos, tarde de 12/07/2010

Sete horas
e os campos pálidos
gélidos de tristeza
vão choramingando ais
aos transeuntes

Dor de campo
em dias de geada
É dor de gente
quando um minuano cortante
salta da boca de alguém.

Mas a natureza
só pra provar que é mãe
aquece um solzinho
daqueles de meio dia
e com vestígios de ternura
acaricia as entranhas da terra
despertando tudo que é morto.

E ao final,
ele
desaparece mansinho
sumindo
sumindo
Assim como um amor de partida

Assim como se sabe um abraço.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pontilhismo

Tela: Tarde de Domingo - Georges Seurat

E por estar vazia
É que me preencho
Encho de pontos
e uno com traços
retas, curvas, paralelas
linhas cruzadas
me embaraço
E se não entendo da vida-
essa poesia indócil
É porque faltam pontos
Sobram sempre, espaços.