sábado, 14 de agosto de 2010

Costume de amar

"Posso escrever os versos mais tristes esta noite". Mas sequer há noite estrelada, astros azuis ou vento que ajudem a compor esse enredo. É bravio o mundo lá fora, saem úmidas as palavras e há essa noite imensa despencando sobre nós. Eu piso no que sobrou do choro, e os pés vão saltando as poças.
É certo. "É tão curto o amor, tão longo o esquecimento".
E porque culpa será julgado alguém que amou e conjugou o verbo em excesso?
Há essa leve suspeita que já não exista mais nada, ninguém, além do amor, que aço, resiste. E nossas memórias, misérias que nos mantém.

Eu e Neruda