sábado, 1 de novembro de 2008

F-Elis

Porque eu precisava de uma nova morada e de ficar mais uma vez (e)namorada. Quanto tempo abandonada de sensações...brisa mansa, pés descalços, poeira depois da chuva, poesia bem escrita... sentindo saudade dessa paz adentrando os poros, que de tanto tempo distante já havia esquecido o caminho de volta, desse sossego de alma, que me faz acerenar, olhar e ver, escutar e ouvir, perceber e sentir, respirar sentindo meus músculos relaxarem..

Eu esperei, ela chegou. Agora estou um dia de sábado depois da faxina. Quando arrumei minha casa de dentro encontrei a leveza. Sensação cósmica que combina com o barulho das ondas, com a risada das crianças que brincam na calçada, até com o vento minuano que assovia teimosamente na minha janela e que já fez par à minha melancolia.


Quando o sol mapeou o chão deixando-o seco e árido, dele nada mais brotou. As palavras saiam mudas, os versos sem melodia. O que havia era só um dialeto estranho, irreconhecível, indisível. No olho do furacão não havia equilíbrio, perdendo-me entre papéis e alucinações. Hoje faço da dor um poema, acalanto para um coração inquieto, canção de ninar para um corpo em lassidão. E semeio versos que germinam com o cair de algumas gotas de inspiração enquanto
confidenciam desse meu caos interno. Porque quando mudei-me de casa eles vieram morar comigo. Hoje moram em mim. Convivemos em simbiose. Nos damos vida.

E eu tive uma recaída. Amor antigo... Por mim. Talvez dure apenas até a próxima primavera. Talvez não sobreviva até lá. Pouco importa. As noites solitárias de inverno e o desafeto que por vezes nutro por mim serão novamente bem vindos. Que dure o tempo que durar, a intensidade sobrepõe-se ao tempo. Se real palpável ou real no plano das idéias. Já disseram, também penso: "Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam". Tudo que é, independente do espaço que ocupe, existe. Descobri que amo assim. E o amor, de qualquer forma me faz viva. Me faz F-Elis.(Em homenagem à Fá e à Mimi)

2 comentários:

  1. "Talvez dure apenas até a próxima primavera. Talvez não sobreviva até lá. Pouco importa."

    Não sei se tem a ver ou não, mas o seu texto me fez recordar que preciso achar um tempo para escrever acerca dos amores fictícios.
    Ótimo texto.
    Beijos

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  2. Elis,

    Sabe quando você lê algo e pensa: "queria ter escrito isso"? Aconteceu quando terminei o último parágrafo desse texto. Apesar dos poucos comentários, estou sempre por aqui. Grande beijo.

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