quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quando o que resta é o amor

Ilustração: Misstigri

Uso roupa de festa. Abrigo um sorriso. Escolho com qual som inauguro os silêncios. Celebro o dia. Esqueço os restos de ontem. Ando sobre a corda bamba. Desiquilibro. Respeito os sinais. Domo a selvageria. Conheço o que os anjos desconhecem. Abomino a auto-piedade. Digo sim aos que repartem sua existência. Não, se meus juízes condenam. Aceito o convite à farra de viver, ainda que os olhos garoem e molhem a tarde de melancolia. Eu já aprendi a sair de cena sem ganhar aplausos. Descobri que há sempre uma pessoa para cada coisa terna. E há dias para se embrulhar pra presente. Não se volta ao que acabou. Há a saudade querendo falar em palavras o que temos medo de pronunciar. E há a distância quando se percebe que se ama melhor ficando invísível. Acordar é dar cor, nesta minha visão. Recordar é recolorir onde faltou você. E há que se cuidar, quando o que resta é o amor.

6 comentários:

  1. Quanta beleza e quanta verdade Elis, simplesmente amei! Li aqui muito do que eu mesma vivenciei... Perfeito!

    Penso que, se o que resta é o amor, ainda resta muito, mesmo que apenas dentro de nós mesmos...

    Beijos mil, lindo final de semana!

    Ariadna Garibaldi

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  2. Concordo com a Ariadna em duas aspectos: Se o que resta é o amor, ainda resta muita coisa e quanta verdade no texto!
    Parabéns Elis, eu estou sem tempo para ler os blogs, mas sempre que entro na internet venho ler o R.E.M, o control verso, Etc e Tal, e alguns outros... Parabéns pelo texto, tô sem muitas palavras mas faço minhas as palavras da Ariadna(com operdão da intimidade rs).
    Até!

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  3. Cazuza dizia que é o trabalho que nos da dignidade para amar. Digo também que é o amor - em seu sentido mais amplo - que nos da a vontade de trabalhar, viver, sonhar... Um texto lírico e filosófico, como sempre. E a imagem é de uma beleza, a moldura ideal para uma grande obra. Parabéns, Elis. Teu estilo é incrível... Um abração!

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  4. Amar é dar cor e se colorir ao mesmo tempo.

    E o que resta é o resto que não é amor

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