segunda-feira, 9 de março de 2009

Segredos

Não acredites em minhas palavras porque elas são demasiadamente traiçoeiras. Elas pensam demais e são coloridas de verniz. Minha verdade é minha crença e minha crença é mentirosa. Apenas me aquieta e me distrai, enquanto o sol me chama e a lua me põe pra dormir.
Não acredite , elas são uma farsa.
Se quiser saber de mim, meus olhos são pedra bruta em rio de águas transparentes. Neles não cabe a racionalidade dos homens que pensam. São tão verdadeiros que as vezes chegam ser cruéis, desnudando uma alma que já não guarda a inocência que eles ainda mantêm.
Minhas palavras tem argumentos demais. Mas são meus olhos que me dizem pra que tome cuidado, meus olhos não conhecem contradição.
Minhas palavras me narram, meus olhos me sentem.
Minhas palavras são história; meus olhos, só poesia.
Por isso quando quiser saber de mim, não ouça minhas palavras, elas ainda não aprenderam amar.

6 comentários:

  1. Ótimo texto, Elis.

    "Se quiser saber de mim, meus olhos são pedra bruta em rio de águas transparentes. Neles não cabem a racionalidade dos homens que pensam. São tão verdadeiros que as vezes chegam ser cruéis, desnudando uma alma que já não guarda a inocência que eles ainda mantêm."

    Entretanto, são as palavras que dizem isso, logo...

    Beijos

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  2. Nada tão revelador como um olhar. Eu ainda não descobri nenhuma técnica que possa fazê-lo brilhar menos

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  3. Elis, que lindo! Adorei, como sempre. Cada dia melhor. Beijo grande.

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  4. Elis, o poeta é um fingidor, que finge a dor que deveras sente... Teu texto me remeteu ao poema Autopsicografia de Pessoa.
    Como sempre és fElis na colocaçao das palavras. Um abraço,

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  5. Hummm, quem sabe a can resolveria isso. Estamos tão longe...(risos)
    Abraços Fred.

    Verdade Fábio, eles contam até o que não queremos.

    Vindo de você que respira sensibilidade, é sempre um elogio, Rafa.

    De Pessoa também:
    Dizem que finjo ou minto
    Tudo o que escrevo. Não.
    Eu simplesmente sinto
    Com a imaginação.
    Obrigado Zé.

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  6. Olhares Elis, olhares. rsrsrs
    rio aqui porque consegui a façanha de me enganar com olhares de deboche, achei que eram alegria rsrsr.
    Mas partilho de suas palavras, meus silêncios , apenas esses sabem amar.

    bijos

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