domingo, 9 de agosto de 2009

Em algum lugar do passado...

Essa foto pai, lembra? Você aproveitou o fotógrafo na festa. Era uma daquelas que aconteciam todo janeiro em honra a São Sebastião, aquele da história do bandido que morreu com uma flecha no peito sem saber quem atirou. Lembra quando decoramos essa música para cantar na missa? Eu achava ela linda. E desse sapato pai, você lembra? Foi você quem comprou ele pra mim. Eu amava esse sapato. Teve aquela vez que o cachorro do nosso vizinho me mordeu, aquele que morava em frente à igreja. Você prometeu matar o canídeo ensandecido... acho que alguem fez isso antes de você.
Eu com a perna inundada de sangue, você me pos dentro do seu fusca branco pra me trazer pro hospital e eu chorava pedindo pra você tirar meu chinelo e me por o sapato vermelho... Essa roupa foi minha mãe quem bordou pra mim. E as cacharréis... eu odiava cacharrel. Lembra do casamento da tia Hilda, vocês me vestiram com uma amarela e ainda me obrigaram a tirar foto com a noiva. Sacanagem hein pai!

E essa sua camisa! Eu lembro até qual era o desenho no bolso dela. Parecia um jogo da velha. Você estava elegante hein pai!
Quantas lembranças me vieram agora. Quantas histórias... Você envelheceu, eu cresci.
Mas essa pai, essa é pra gente nunca esquecer...

4 comentários:

  1. Quantas histórias para não esquecer, não é mesmo ?

    Hoje eu estou do lado que constrói histórias para o futuro.

    Que meus filhos se lembrem delas com o mesmo carinho.

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  2. Esse texto é um verdadeiro risco no bordado, pra depois ser costurado pelo talento e a emoção. 100 palavras...

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  3. Há como é bom ter coisas boas para lembrar! E o tempo passa tão rápido... Belo texto!

    Beijos

    Ariadna Garibaldi

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  4. Se vc se colocar do outro lado, do lado de quem lê não como mero leitor, mas sim como um pai e perceber como pequenas coisas foram tão importantes e ficaram guardadas na memória, você não consegue conter a lágrima que rola face a baixo, estampando a emoção.

    Chorei!

    Parabéns dinovo!

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