domingo, 21 de dezembro de 2008

De tudo e do nada

Foto: Geisa

E o que era fluídico, foi ficando rarefeito e volátil dissipou-se.
Dor, agonia.
Máscaras de oxigênio, massagem cardíaca, um último suspiro e a morte.
Restava a solidez da verdade. Doída, densa, compacta, cruel.
Sobraram resquícios líquidos de um amor que não vingou. Sobraram lágrimas de quem partiu sem nunca ter chegado. Duas taças e uma garrafa de vinho esperarão pelo nosso derramamento. Sobraram lágrimas de um funeral. Sobrou a saliva de gosto amargo na boca e a tão amarga constatação de que nada fora tão sólido quanto parecia... Sobrou um adeus. Sobrou uma vontade inútil de ficar um pouco mais. Chamam isso de saudade. Sobrou uma inscrição sobre a lápide: Aqui repousa um coração triste que viveu um grande amor.

Um comentário:

  1. Sobrou uma vontade inútil de ficar um pouco mais

    Sempre fica.

    Ótimo poema, Elis.

    Beijos

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