sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sobre o tempo (e o amor)

Foto: Elis Zampieri

E eu descubro a paz quando você me olha e teus olhos são como os meus. Eles me contam do tempo que tinha seu tamanho e seus sonhos e de quando meus pensamentos viviam em férias. Mas eu já caibo inteira no seu abraço. E eu te vejo agora construindo lógicas, falando de foguetes e naves, de dinossauros e capitais. Tão pequeno que quase cabia nas minhas mãos abertas, desejosas de ser coração e delicadeza pra poder tocar tanta fragilidade. E eu te sentia tão meu. Hoje você é vida que me escorre. Mas você compensa amor com amor e me faz ver que o tempo amadurece o fruto e o sol deixa-o ainda mais doce. E porque a natureza é velha e sábia senhora, eu busco a intensidade que ela me oferece ainda que a brevidade me roube a sensação do vento que brinca com os meus cabelos numa tarde quente e do sabor do seu beijo e da sua boca sugando meu rosto. Porque tem coisas que duram apenas uma eternidade. E enquanto o tempo te leva pra passear eu junto letras para embrulhar esse pacote de lembranças e me perco olhando as pétalas que voam. Elas já me perfumaram as mãos e "por desfolharem-se é que não têm fim". (Cecília Meireles) E eu vivo dessa magia que transforma pétalas amarelecidas em buquês de saudade.

3 comentários:

  1. Lindo, Elis, só o que eu tenho a dizer. Beijo.

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  2. Uia! que Lindo!!! Ele vai ficar orgulhoso(possivelmente seu filho).
    Mto bonito

    Abraços

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  3. tem coisas que duram apenas uma eternidade

    É verdade, amiga.

    Ótimo texto.
    Beijos

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