segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rico menino pobre

Foto: Maria Flores

Minhas palavras foram retribuídas com um sorriso acanhado. Disse-me que sentia saudade, mas que estava feliz porque logo, outra vez nos veríamos.
Seus sonhos em preto e branco confundem-se com pessoas, carros, ruas, ruídos e esmolas. Conhecera a face austera da pobreza cedo demais. Coleciona perdas, esperanças e latinhas. Tudo dentro da retina dos olhos do menino, que estranhamente brilha, refletindo uma luz fúlgida, como em poucos se vê.
É apenas número, mais um. Anônimo, vagante, sonhando em um dia poder tocar à lua com as mãos ou quem sabe, na gravidade desse planeta errante, ser mais que a roupa desbotada que lhe encobre o corpo franzino.
Trocamos afeto, lições dos livros e lições de vida.
Olho-o por instantes enquanto anda...
Ele volta, desabrochando em sorrisos, agora para se despedir:
_ Até segunda então!
Nenhuma nódoa de tristeza.
Seus olhos miúdos abrigam duas estrelas.

3 comentários:

  1. Eis que a eterna magia da inocência escolheu dois certos pares de olhos pra habitar. Um angelical e sem perguntas, outro já vivido e sem respostas.
    Daqui; De onde me encontro foi maravilhoso poder cruzar também a minha visão nestes vossos caminhos e verdadeiramente te digo: QUERO VOLTAR!

    Super Beijo Minha Querida.

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  2. Coleciona perdas, esperanças e latinhas.

    Gostei, Elis, mas isso não é novidade.

    Beijo

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  3. Fred tem razão, senti falta de vir ler-te , senti falta de meus amigos


    bijok

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